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Um espírito baixou em minha vó

Num domingo foi feito uma festa na casa da minha vó, e eu fui lá. Estávamos todos na casa como nos velhos tempos, porém as pessoas ficavam se revezando em turnos para vigiar minha vó.Não entendi o porquê, até que me foi explicado que os problemas de memória que minha vó anda tendo não é culpa da idade como imaginávamos, e sim é um espírito que encorpora nela, uma espécie de demônio. No começo, ele apenas deixava ela esquecida das coisas "reais", mas agora ele está ficando cada vez mais forte e passando a impor partes da personalidade dele nesses momentos em que ela esquece das coisas.
Ela ficava sendo constantemente vigiada, porque quanto mais forte o demônio ficava, maior a chance de não apenas se manifestar em palavras, mas também usar o corpo da minha vó para realizar seus objetivos malignos.

De início, não acreditei muito nessa história até que vi minha vó fumando uma bituca de cigarro. Primeiro a bituca estava apagada, e eu achei muito estranho, porque ela nunca foi fumante, também porque era uma bituca apgada que ela tentava fumar, ou seja, nunca conseguiria.
Porém, do nada a bituca acendeu, podia ver a brasa brilhando e era o mesmo brilho vermelho que tomou conta dos olhos da minha avó... era assim que ele se manifestava!
Então corri, e bati na mão dela fazendo com que ela derruba-se a bituca num copo dágua, apagando-a. Conforme a bituca apagou, os olhos dela foram perdendo o brilho vermelho, mas antes de se apagar por completo, ela bebeu toda a água, engolindo assim a bituca.

Fiquei desesperada, se a bituca acendesse dentro do corpo da minha vó, ela poderia sofrer graves queimadura e até morrer! Foi quando fiquei atrás dela e apertei seu esterno, fazendo a manobra que as pessoas vomitam aquilo que se engasgam. Ela vomitou a bituca e ela realmente estava acesa, mas pelo menos minha avó estava a salvo.
Quando olhei para ela, porém, não era mais minha avó, ela dava uma risada com uma voz gutural, seus olhos eram duas bolas de fogo e suas feições de velhinha simpática se tornara uma máscara demoniaca. Então, pisei na bituca fazendo-a apagar, e minha vó voltou ao normal.

Eu a abracei, assutada, com medo de perder essa pessoa tão importante na minha vida, seja perde-la para a morte, seja com ela se transformando numa pessoa diferente do que é. Fim.
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Acho que sonhei isso pois minha vó realmente está esquecendo das coisas e tendo problemas para ter uma vida autônoma como sempre teve.
Tenho medo que ela morra, tenho medo que ela sofra. É muito triste ver uma pessoa que amamos se apagar assim lentamente.
Sinto muita culpa, de não ter sido tão presente quanto gostaria, e ao mesmo tempo tenho medo de, na minha velhice, passar por isso também.
As vezes quando a vejo tenho vontade de chorar, porque ela vai morrer e está ficando uma realidade cada vez mais próxima.
As vezes eu tenho saudade dela, mas tenho medo de ligar e ela não me conhecer, tenho medo de vê-la e ouvi-la perguntando mil vezes a mesma coisa, pois fico tão triste... Sei que não resolve nada eu evitar esse contato, mas aí eu fico cada vez mais me sentindo culpada, e vira uma bola de neve.

Banheiro sexy

Era uma vez um empreendimento inovador. A idéia era preservar o ambiente, construindo banheiros comunitários e "verdes", onde as pessoas poderiam tomar banho nesses lugares mediante pagamento. A longo prazo, sairia mais barato que tomar banho em casa e ainda estaria preservando o planeta.

O problema é que as pessoas tendem a sempre preferir o conforto e a praticidade, ao invés do "correto" e o negócio estava indo de mal a pior.
Outra coisa que estava deixando a dona do empreendimento maluca era a instalação adequada do box de um banheiro especial, a idéia era fazer de vidro fosco, desses que de fora não se enxerga nada, mas de dentro pode-ser ver tudo o que acontece a sua volta. Assim, a pessoa poderia tomar banho com toda discrição e ainda admirar a paisagem.
Porém, os vidros foram colocados ao contrário e seu banheiro especial não poderia ser aberto ao público, já que quem tomasse banho ficaria exposto.

Foi aí que ela teve uma idéia que poderia salvar o empreendimento: Se tomasse longos banhos de maneira sexy no banheiro dos boxes invertidos, atrairia toda uma platéia que teria que pagar para entrar se quisesse ver o show.
E como seria feito fingindo não saber do fato do boxe estar invertido, o negócio se manteria com a proposta inicial, que é economizar água e salvar o planeta.

E assim ela fez, não apenas se salvando da falência, como também aumentando exponencialmente seus clientes na base do boca-a-boca e levando as pessoas a repensar seus hábitos. Fim.

Alçapão da casa

Eu estava em casa, e achava um alçapão num dos quartos.
Minha casa ficava no topo de uma ladeira, e quando abri o alçapão descobri que minha casa era maior ainda, pois ela tinha construções para baixo, que na verdade eram na altura da rua, mas como era uma descida muito grande, ficava "pra baixo" da casa original.

Lá, havia mais um quarto e uma sala enormes, uma piscina e uma área gramada.
Encontrei ali dois coelhos, a Polly e a Wacca, que são coelhos de uma amiga minha. E junto dos coelhos, encontrei minha amiga correndo atrás delas, e era ela que havia me vendido a casa, como não usavamos essa área ela usava para passear os coelhos.

Essa parte da casa, como eu desconhecia dela até então, estava precisando limpar e de uma reforma. Eu e o Rê ficamos imaginando o que fazer com todo aquele novo espaço e ficamos muito felizes. Fim.

Mortes na vida de uma amiga

Eu estava no trabalho quando soube da notícia. O namorado de uma colega de trabalho deu um tiro na própria cabeça, dentro do carro do meu chefe.
Estava tudo sujo de sangue e resolvemos ajuda-lo a limpar.
Minha amiga chorava e ria ao mesmo tempo, ela não parecia triste.
Quando fui consolá-la, tocou o telefone, avisaram que o irmão dela morreu, e quando descreveram a forma, foi de forma idêntica ao namorado.
Por um momento, fiquei na dúvida se quem havia morrido tinha sido o namorado ou o irmão, mas tinha sido os dois. Quando contei pra ela, ela ria mais ainda. Fim.

Coelho na rua

Eu acordo e acho uma das coelhas que estou abrigando na  calçada. De algum modo ela conseguiu escapar do viveiro e passar pela tela do portão.
Eu corro desesperada pra pegar a chave, abro o portão e consigo pega-la.
Falo pra ela "Ainda bem que você não correu de mim, porque nunca conseguiria te achar na rua". Fim.