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Kung Fu, Assalto e Sentença de Morte

Eu estava num lugar bem grande de treinamento de Kung Fu, era tipo uma Irmandade, havia regras rígida e tudo o mais.
Todos os anos, uma pessoa era escolhida para fazer um certo papel lá na Irmandade, era algo muito sofrido e a pessoa inevitavelmente morria no fim.
Apesar disso, todo mundo exaltava essa posição, e todo mundo queria ter a "honra" de ser escolhido, mesmo que fosse morrer.

Eu achava aquilo absurdo, no começo eu não acreditava que realmente morresse, até que pessoas que eu conhecia iam se candidatar e perguntaram se eu não queria ir junto.
Quando eu vi que era a sério, fiquei horrorizada, revoltada. Não conseguia entender o que levava as pessoas a desejar uma coisa dessas.

Então, fui perguntar ao mestre:
- O que leva uma pessoa a querer algo assim?
E ele se sentiu ofendido pela pergunta, como se fosse algo tão natural e eu fosse um aberração por não entender e ainda ousar perguntar.
Ele me deu a maior bronca e fui mandada para casa, como "de castigo".

Cheguei em casa, e escrevi um texto comentando que eu não entendia e não concordava com tamanho sacrifício, que eu nunca iria querer aquilo pra mim, e se pessoas próximas de mim querem passar por isso, não vou impedi-las, posso apenas lamentar.
Meu desabafo foi postado no twitter, e ganhou uma grande repercussão.
No dia seguinte, o telefone ligou e fui avisada que fui expulsa da Irmandade de Kung Fu, e a punição pela expulsão é a morte.

Fiquei preocupada, tinha que fugir de tudo que conhecia e começar uma vida nova em outro lugar, onde ninguém me conhecia.
Então, um amigo se ofereceu de que eu o acompanhasse num assalto, e eu ganharia um bom dinheiro.
Segundo ele, não seria difícil, bastava ir a casa de uma família e levar uma caixa de sapato com roldanas dentro, eles nem iam perceber. Cada roldana custava 50 mil dólares, e vinha umas 20 roldanas na caixa.

Ele não tinha muito planejamento, e iríamos em três pessoas.
Ele conhecia a filha da família, iríamos lá para almoçar com eles e tentaríamos furtar a caixa. Caso não conseguíssimos, seria um assalto a mão armadas.
Estava preocupada, e fiz para mim um álibi.
Havia um cara que gostava de mim, e eu nunca tinha dado bola pra ele.
Então, eu combinei de ir ao cinema com ele, e disse pra que ele comprasse os ingressos do filme e me esperasse na porta do cinema.
O filme começaria antes do assalto, eu pretendia chegar lá um pouco atrasada, mas a tempo de ver o filme, de forma que eu usaria os ingressos do cinema como álibi, e o menino não iria me dedurar, pois gostava de mim.

O problema é que me fizeram ir com meu próprio carro até o assalto. Chegamos, ficamos lá enrolando a família, e ninguém tomava atitude.
Foi dando a hora que teria que sair de lá e nada.
Então, enquanto estavam todos na sala conversando, me esgueirei para o quarto onde sabia que estava a caixa.
Peguei a caixa, mas quando comecei a sair, o dono da casa viu.
Saí correndo, junto com meus comparsas... porém, como estávamos fugindo, se entrassemos no carro, veriam que era meu carro e conseguiriam me localizar.
Saímos correndo pela rua mesmo, com a família em nosso encalço.

Conseguimos despistá-los, estavamos numa avenida bem grande, arborizada. E para minha surpresa, encontro o mestre do kung fu que queria me matar.
Tento fugir dele, e corro para a parte da avenida que tem bastante carros, dou sinal para vários táxis, e finalmente um para.

Entro, aliviada. Peço para ir ao shopping, na hora eu esqueço o nome do shopping, mas no fim me lembro e vamos pra lá.
Encontro o mocinho na porta do cinema, dá tudo certo.
Vimos o filme, e quando saímos de lá, a polícia me prende, com algema e tudo.

Enquanto estou sendo levada, grito para o meu encontro: "arrume um advogado pra mim!".
Eu sabia que não podia ficar presa, pois senão a Irmandade me acharia e eu seria morta ali mesmo.
Eu me mostro indiganada com o policial, fico dizendo que ele não tem porque me prender, que eu não fiz nada, só fui ao cinema,
Ele diz que meu carro foi encontrado em frente ao local de um assalto.
E então eu tiro da bolsa um B.O. onde mostra que meu carro foi roubado naquela manhã.

Fico chorando e fingindo indignação até que me soltam - minha atuação é tão boa que até eu fico admirada - chega o advogado que o mocinho arrumou, e eu digo que não vou nem pagar fiança nem nada, que me recuso, pois sou inocente e não tem nada que possa provar que eu fiz alguma coisa errada.
Me soltam, pego minha parte do dinheiro com meus comparsas, e fujo pra sempre da Irmandande do Kung Fu. Fim.

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Foi um sonho bem maluco
Apesar do contexto bizarro, essa parte de não aceitar e não compreender algo que para muita gente é normal sempre acontece comigo.

Vou contar uma história real.
Era uma vez eu e minha mãe assistindo a um filme do Woody Allen. Eu devia ter uns 8 anos de idade.
Nesse filme o personagem se descobre infértil, e ele fica muito triste, e diz que os melhores segundos da vida dele foi quando a mulher dele achava que estava grávida até descobrirem que não.
Daí eu disse expontaneamente:
- Nossa, que cara infeliz! Se esse foi o melhor momento da vida dele, a vida dele é uma merda.
Nessa hora minha mãe ficou horrorizada, ficou brava, começou a brigar comigo, dizendo que eu não tinha idéia de como isso era algo importante, como era sim a melhor coisa que podia acontecer com uma pessoa e que eu era muito nova pra entender.

Acontece que eu nunca entendi.
E muitas vezes na minha vida, certas convicções que tenho desde que me conhece por gente, causam esse tipo de reação nas pessoas: ficam horrorizados!
E eu fico horrorizada de volta, como pode algo tão natural pra mim deixar alguém tão exasperado?
Desde esse dia que citei acima, aprendi a guardar minhas idéias só pra mim, e me recuso a viver sob a dependencia de alguém (pra nao ser obrigada a fazer coisas que nao quero).
As vezes até finjo certas emoções e certos comportamentos, para não causar estranheza e questionamentos.

Esse sonho tem tudo a ver com esse sentimento... eu falo algo que parece completamente normal pra mim, uma questão de lógica, e as pessoas se sentem ofendidas pela minha opinião, e querem me caçar e matar pelo que penso.
No final, minhas idéias são totalmente inofensivas pro mundo, já que não atingem ninguém, só a mim.
E as pessoas, a grande maioria esmagadora da população, que se sentem "ofendidas" pelas minhas idéias, é que acabam me machucando, me reprimindo, me censurando.

Vermes

Eu entrava no meu quarto, e do lado da cama via algo branco no chão.
Me aproximava para ver melhor, e quando abaixava... tcharam.. era um verminho branco, que se movimentava.

Fiquei com muito nojo, e chamei o Rê para tirar o verme para mim. Ele me disse que eu tinha que superar esse nojo de vermes, e que sempre tem muitos vermes nas batatas, e já que eu gosto de batatas, tinha que me acostumar com isso, e que a melhor maneira de superar o nojo seria eu mesma tirando o verme.
Então ele me deu dois papeis meio grossos, era pra eu usar um para empurrar o verme no outro e então jogar no lixo.

Fui lá e tirei o verme, e na hora não tive nojo, me senti bem por conseguir fazer sozinha.
Nessa hora fiquei com dó do verme, de joga-lo no lixo e matá-lo, e o joguei pela janela, e gritei:
Vá verme, vá e seja livre, vire uma borboleta e saia voando. Fim.