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Carmella se foi



Carmella
Chegou em: 02-01-2012
Partiu em: 17-02-2012

Era uma vez uma coelha de cor caramelo, tao pequena e fragil que apanhava dos proprios irmaozinhos coelhos. Ela foi tirada de sua mae coelha enquanto era ainda muito pequena, ainda mamava, e foi colocada numa cestinha com seus irmaozinhos na porta de uma pessoa.
Uma moca muito legal chamada Otavia pegou os coelhinhos, e passou a cuidar deles e alimentando-os com NAN para substituir o leite materno, pois eram pequenos demais para comer.
Eles foram crescendo, mas a coelhinha de cor caramelo era uma das menorzinhas, e junto com sua irmazinha que tinha cor igual uma vaquinha malhada, acabava ficando de lado entre a coelhada.
Entao, a Otavia as separou da ninhada, para que elas pudessem se desenvolver melhor.

A primeira vez que a vi em foto, fiquei apaixonada. Acabei optando por adotar uma outra coelha ja adulta, a Polly, pois filhotes tem mais facilidade para arrumar um lar, e eu queria uma companhia para o meu coelho, o Pitiquis, e nao me importaria de ser uma coelha ja com idade.
A Polly nao se deu bem com o Pitiquis, e tive que devolve-la. No dia que a levei de volta, tinha sonhado que pegava a coelha caramela e que colocava seu nome de Carmella. Foi triste deixar a Polly, e eu voltei pra casa sem o filhote, pois queria tirar o cheiro da outra coelha daqui de casa.
Assim que cheguei, o Re disse "cade o filhote?". Expliquei que nao tinha trazido, e ele falou "vai la buscar a coelha agora, vc esta triste pq nao trouxe, vamos la buscar".

Apesar de no comeco ele ter sido contra essa adocao, ele acabou aceitando e depois se apegando tambem. Ela era pequena e assustada, era tao menor que o Pitiquis que passamos a chama-la de "o bebe", assim mesmo, no masculino... talvez para contrastar com o fato de chamarmos o Pitiquis de "a Pitiqueira" as vezes.

O bebe e a pitiqueira se deram bem logo de cara. Se cheiravam curiosos, se lambiam. Em poucos dias ja faziam tudo juntos, comiam e bebiam do mesmo pote, na mesma hora. Dormiam juntos embaixo do sofa. Deitavam um do ladinho do outro, com as perninhas encaixadas. Labiam um ao outro.
Ela foi engordando e ficando um pouco mais escura, chegou num ponto que ambos tinham praticamente o mesmo tempo e a mesma coloracao.
Nao fosse a juba do Pitiquis e as machinhas brancas da Carmella, eles seriam identicos. As vezes chegava a confundi-los quando os via de costas.

Ela tinha a ponta das duas patinhas brancas, o papo e metade da boquinha. Na minha imaginacao, ela encontrou um pote de liquido branco e achou que era leite, mas na verdade era tinta. Entao ela foi correndo beber o liquido, bebeu tanto que ate escorreu no papo. Quando percebeu que nao era leite, tentou limpar com as patinhas e so conseguiu limpar um pedaco da boca, o resto do corpo acbaou pintado de branco.
De qualquer forma, era uma coelha bonita e extremamente macia, tinha um pelo muito fofo e lustroso.

No comeco ela nao gostava muito de mim, fugia quando eu chegava perto. Depois passou a aceitar carinho, e com o tempo chegava a vir perto quando eu assobiava. Mas foram nos ultimos dias que ficamos amigas...
Foi quando decidimos que iamos castra-la. Apesar do coelho ja ser castrado, resolvemos opera-la para evitar problemas futuros no utero, ou se algum dia adotassemos um outro macho, nao teria perigo de engravidar.
Foi operada no sabado, nos dias subsequentes nao sentia fome e tive que alimenta-la com seringa. Era como se fosse nosso pequeno ritual, todo dia de manha colocava ela em cima da mesa e fazia uma papinha e dava na boca dela. De dia ficava usando o colar elizabethano, pois no primeiro dia acabou arrancando os pontos e agora tinha que ficar com o colar.
A noite, ficava com do e tirava o colar, alimentava e passava o maximo de tempo que eu aguentava acordada pra que ela pudesse ficar mais a vontade. Ela andava, bebia agua, me lambia, ficava no colo, so a comida mesmo que eu tinha que obrigar.

Mesmo assim, toda a atencao nao foi suficiente. Hoje chegamos em casa para nos deparar com seu corpinho estiradinho assim de lado, mortinho. Ainda estava quente. Corremos para o veterinario, mas ja estava morta.
Levamos o Pitiquis para que ele se despedisse, e foi incrivel ver como ele entendeu que ela morreu, ele a cheirou inteira, empurrou, e depois a cobriu com o proprio corpo, assim de lado, de um jeito que nunca antes tinham ficado. Por fim, pulou no meu colo pedindo para ir embora.
Guardei uma mexinha de seu pelo macio de recordacao. Vai ficar junto com os pelos do Negao.

Estou muito triste, mas meu maior sentimento eh o de culpa.
Culpa de te-la levado para castrar, de nao te-la feito comer mais, de nao te-la levado em outro veterinario, de nao ter procurado ajuda pelo fato da falta de apetite. Culpa por nao ter brincado tanto com ela, por nao ter sido tanto amiga dela, por nao ter feito tanto carinho nela, por nao ter pego ela no colo mais vezes.
Culpa por ela ter tido uma vida tao breve, e eu fico pensando nas mil coisas que eu poderia ter feito para evitar esse fim tragico.
So espero que ela tenha se sentido amada, que ela tenha se sentido em casa.

Gostaria de me desculpar a algumas pessoas:

Primeiro, ao Reinaldo. Voce nao queria que eu pegasse outro coelho, eu fui la e peguei, e voce acabou se apegando a ela. Sei que voce nao queria que eu a castrasse naquele dia, talvez voce tenha tido algum tipo de pressentimento. Eu fui la e fiz mesmo assim. E agora te fiz sofrer =/

Em segundo, a Otavia. Voce cuidou de todos os filhotes com todo carinho e amor do mundo. Voce os alimentou como uma mae, e embora seja comum alguns filhotes nao vingar, voce fez com que todos crescessem lindos e sadios. Eu peco desculpas por, mesmo sem querer, nao ter honrado o trabalho que voce teve com ela.

Em terceiro lugar, ao Pitiquis. Coelhinho, me desculpa por ter trazido uma coelha pra dentro de casa, feito voces se apaixonarem e se tornarem inseparaveis, pra que depois ela morresse. Eu espero que voce nao sofra o que eu estou sofrendo, porque voce nao merece sofrer. Espero que voce seja forte e supere tudo isso.

Por fim, quero pedir desculpas a Carmella, aonde quer que voce esteja. Me desculpa por nao ter sido melhor, por ter deixado voce morrer, por ter te feito sofrer uma cirurgia enquanto tudo que voce queria era saltitar por ai e ser feliz. Gosto de pensar que voce esta em algum lugar bom com o Negao te fazendo companhia. Me desculpa por nao ter te proporcionado uma vida melhor.

3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, Marcia... Cliquei pra ver a foto da coelhinha e acabei me prendendo no texto todo...
esse post é de cortar o coração.
Por favor, não se sinta culpada, pois é muito claro que tudo que você fez foi sempre pensando no melhor para ela... uma pessoa que tem um coração como o seu, sempre tão preocupada e solicita com o outro (principalmente esses coelhinhos fofos) jamais pode ser culpada por uma fatalidade assim. Tenho certeza que ela foi feliz e muito grata por tudo que você fez por ela!
Fiquem bem, vc e o re!
Beijos, Suzana.

Anônimo disse...

Coelhinha Muito amada... sera pra sempre lembrada...
<3

Ines_Osvaldo disse...

Oi, Márcia
Fiquei triste pela Carmella, nem cheguei a conhecê-la. Imagino o q vc está sentindo, esses bichinhos entram no nosso coração e não tem jeito, machucam mesmo qdo se vão, mas não se sinta culpada, vc fez o melhor para ela, principalmente lhe dando tanto carinho. Bjs, Ines

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