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Durkheim no banheiro do puteiro

Eu entrava numa casa de strip para usar o banheiro, estava em algum lugar dos EUA.
O banheiro não era a coisa mais limpa e arrumada do mundo, mas eu estava tão apertada que qualquer coisa serviria.

Entrei, dei uma limpada na privada, e quando ia fazer meu xixi, entrou uma moça na cabininha do banheiro.
Ela me cumprimentou, e sentou no cantinho com um livro na mão e ficou lendo, sem nem me notar.
Pelas roupas, era obviamente uma das stripers do lugar.

Eu não consegui usar o banheiro com outra pessoa ali, e comecei a puxar papo. Ela disse que estava estudando para a faculdade antes de começar o horário de trabalho dela.
Pude notar que o livro que ela lia era de um autor chamado Durkheim, e deduzi que ela estudava algo como ciências sociais.
Comentei que já tinha lido esse autor, que eu achava interessante as coisas que ele falava sobre suicídio e ela apenas acenou com a cabeça.
Fiquei ali lendo junto com ela, enquanto tentava fazer o xixi tímido que não saia.

Então, percebi uma coisa: eu estava lendo perfeitamente em português! Daí pergunto se ela era brasileira, e ela disse que sim, mas que era segredo e não era pra eu contar pra ninguém.
Fim.

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É a segunda vez na semana que sonho com outras pessoas invadindo o banheiro e eu não consigo fazer xixi.
O que será que significa essa invasão de privacidade?

Sofa cama camuflado

Eu ia numa loja e via um sofa cama exatamente igual ao meu, mas a cor dele era camuflado, igual de uniformes do exército.
Por algum motivo, eu ficava completamente apaixonada pelo sofa cama e queria porque queria compra-lo.
O problema era o preço, 600 reais, muito superior pela qualidade do produto oferecido. Além do fato de eu não ter necessidade de comprar um novo sofá cama, considerando que já tinha um igualzinho em casa. Decidi por não comprar. Fim.

Banheiro da escola-federal-câmara-shopping

Eu estava no banheiro da minha antiga escola, mas na verdade ele ficava dentro da Federal, porém as pessoas que estavam dentro eram da Câmara, e ainda assim, fora do banheiro nos encontravamos num shopping.

O banheiro tinha um problema muito grande, além de ser misto, as portas e as paredes apareciam e sumiam.
Eu não sabia que as coisas eram assim, até que entrei na cabininha, e então tudo começou a se mover e ficar confuso.
Eu não conseguia fazer xixi com tudo aquilo e desisti e fui embora.

Resolvi voltar para a minha sala, que era na verdade e praça de alimentação do shopping. Fim.

Traição

O Re me dizia que no começo do nosso namoro ele havia me traído com todas as pessoas que conhecia. Todas, sem exceção.
Fico chocada com o que ele diz, mas ele me assegura que nunca mais fez isso e que eu poderia perdoa-lo já que é coisa do passado..
Daí eu olho pra ele e digo "e daqui 10 anos você vai em dizer que hoje em dia vc me traia com todas as pessoas que conhecemos, mas que não faz mais".
Então ele olha com aquela cara de "me pegou". Fim.

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Posso sonhar com zumbis, com médicos malucos que amputam os outros, e nem acordo com medo.
Agora isso sim é um pesadelo.

O Vale dos Amputados

Eu estudava numa faculdade que ficava em cima de um morro, estava para me formar e precisava entregar o último trabalho para um professor estranho e meio maluquinho. O laboratório desse professor ficava no subsolo da faculdade, na parte dos fundos e apesar do calor que fazia lá fora, esses túneis eram gelados e levemente úmidos.

O subsolo era muito escuro e vazio, andei muito, me embrenhando cada vez mais para dentro dos labirintos da universidade, até que achei o tal laboratório.
O professor estava lá, sozinho, mexendo em seus tubos de ensaio, provavelmente fazendo alguma experiência.
Ele me disse para entrar na porta que estava atrás dele e deixar o trabalho em sua mesa, pois se eu deixasse no laboratório ele poderia perder o trabalho.

Entrei, imaginando que atrás da porta estaria um escritório. Para minha surpresa, quando abri a porta veio uma luz muito forte, me cegando. Quando finalmente consegui enxergar, percebi que era o sol: eu estava atrás do morro que comportava a universidade. Atrás de mim a porta fora fechada e lá estava eu, com meu trabalho embaixo dos braços, em cima de uma montanha de pedras.

Bati na porta desesperadamente, ninguém parecia me ouvir ou se importar em abrir a porta. Ao longo do edifício não havia mais nenhuma porta, e percebi que teria que descer o morro e tentar dar a volta pela estrada.
Desci com muito cuidado, pois a descida era ingreme e as pedras pontiagudas deixavam o caminho perigoso.

Depois de muito esforço, terminei a descida e cheguei num vale. Lá, comecei a ver pessoas sentadas no chão e fui até elas.
Eram pessoas sem pernas e sem braços, algumas com os cotocos recém enfaixados e até com marcas de sangue.

Pude reconhecer um ou outro como alunos do mesmo ano que eu e alguns veteranos. Perguntei o que acontecia, e um jovem me respondeu:
"O professor é um cientista louco! Ele faz os alunos virem até ele, depois nos prende aqui e começa a caçada. Quando ele consegue nos alcançar, nos amputa e usa nossos membros para seus experimentos malucos! Por fim, nos deixa aqui sem possibilidade de fugir, já que a subida é muito díficil e nós, sem braços nem pernas, não temos a menor chance de escapar.
De vez em quando ele leva alguns de nós para aquele barracão e faz experimentos conosco. Alguns não voltam com vida.
Para sobrevivermos, ele deixa comida e remédios em locais estratégicos que podemos alcançar e passamos a viver aqui, nesse lugar que chamamos de o Vale dos Amputados."

Foi aí que entendi, ele sempre pega alunos que estão acabando o curso, para não ter perigo de ser procurados, já que não são mais alunos da faculdade.
Não vou permitir que façam isso comigo e começo a correr, procurando uma saída.
Então, do lugar onde estou, vejo que uma espécie de máquina está sobrevoando o vale. Ele não voa alto, e sim baixo o suficiente para "caçar".

Resolvo correr até o barracão, já que era o único local com teto, ele não poderia me pegar pelo ar. Entro e ali vejo meu maior pesadelo: uma infinidade de braços e pernas, de todos os tamanhos, cores e tipos, dentro de containers de vidro com líquidos das mais variadas luminiscencias envolvendo aqueles pedaços inertes de carne humana.
Procuro algo para me defender, e encontro uma serra cirúrgica - instrumento provavelmente usado para cortar o corpo dos alunos.
Ela está ligada na tomada e funcionando, me posto ao lado da única porta, agachada, e espero. Consigo ouvir o som vindo de fora, da máquina voadora pousando e sendo desligada.
Ouço passos. Tenho apenas um adversário, o professor.

Ele abre a porta e assim que coloca a primeira perna para dentro do galpão, uso a serra para cortar sua perna fora.
Tem sangue por todo lado agora, o jaleco branco do professor agora se tornou rubro. Ele atira na minha direção uma pistola com tranquilizante, por sorte ele erra.
Não espero que ele tente novamente me acertar e corto seu braço fora.
Eu poderia parar por aí, pois provavelmente ele morrerá por perda de sangue. Mas depois de tudo que vi, aquilo não será o suficiente.
Eu termino de cortar sua outra perna e seu outro braço. E enquanto o professor se estrebucha, inofensivo no chão, vou até o final do galpão.

Ali havia uma espécie de fornalha, com fogo crepitando. Pego um instrumento de metal enfiado no fogo e levo até o professor. Uso esse objeto para cauterizar suas feridas e assim estancar a perda do sangue.
Nesse instante ele sai do desmaio que se encontrava e acorda urrando de dor.
Quando termino, devolvo o equipamento de onde tirei, e tento levanta-lo.

É incrível como um homem adulto fica leve sem os membros. Consigo carrega-lo até uma maca hospitalar que há no canto do galpão. Coloco-o ali e procuro pelos remédios... faço-o tomar antibióticos e remédios para dor.
Por fim, procuro em seus bolsos a chave para sair daquele vale infernal.
Com a chave em mãos, me despeço do professor:
"Já que você condenou tanta gente a viver amputado, fiz questão de deixa-lo vivo.
Agora você estará preso a uma cadeira de rodas, para sempre necessitando da ajuda de outros para fazer as coisas mais básicas."
Então, jogo o trabalho que fui entregar na fornalha, e observo as folhas virarem cinzas.
"Afinal, não consegui entregar o trabalho. Mas tudo bem, espero te ver no próximo semestre". Fim.