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O ataque dos zumbis insectas

Era noite ja avançada, estava num ônibus de viagem voltando para São Paulo. Apesar do cansaço, estava ansiosa para chegar logo. O ônibus estava na Marginal Pinheiros, e eu olhava a imagem iluminada da cidade que se espelhava no rio.
De repente, o motorista parou o ônibus. Podiamos ver bloqueios em toda Marginal, e ele nos avisa que a cidade esta sitiada a partir daquele ponto, e que deveriamos esperar a liberação para podermos entrar. Disse também que não era nada grave e que em breve deveríamos ser liberados.

Então, somos levamos a uma padaria bem grande de três andares para esperar. Ligo para casa, e peço para ser buscada, já que não pretendia ficar esperando um tempão ali estando tão perto de casa.
Subo para o último andar com meu café, e enquanto o saboreio ouço um barulhão vindo dos andares mais baixo.
Olho pela escada em espiral, e vejo outros passageiros do ônibus sendo atacados por pessoas ensandecidas, com roupas ensanguentadas, que os mordem... e essas pessoas começam a subir as escadas.
Aproveito que estou no último andar e procuro algum tipo de saída de emergência, e encontro uma porta que leva para uma escada marinheiro externa. Chamo as pessoas que estão ali, mas ninguém me dá ouvidos, eu viro as costas e vou desço as escadas.

Ao chegar no chão, consigo ouvir os gritos vindos de lá de dentro e resolvo correr pela rua, procurando algum tipo de lugar para me proteger. Fico pensando que esse deve ser o motivo de porque a cidade esta sitiada... está acontecendo um ataque zumbi, e aparentemente os bloqueios não estão conseguindo contê-los.
Resolvo voltar ao ônibus, provavelmente minha melhor chance seria sair da cidade.

Enquanto vou decendo a rua, os zumbis que estavam na rua começam a me perseguir. Percebo que eles andam mais rápido em linha reta e ficam meio confusos quando tem que mudar a direção, e passo a correr em zig zag para ter mais chance de sobrevivência.
Nessa correria, pego um pedaço de pau no chão e quando eles chegam perto, dou pauladas na cabeça deles com o intuito de assustá-los ou mesmo matá-los, porém eles aparentemente não sentem nenhum tipo de dor e um deles, mesmo com a cabeça estourada, continuou andando atrás de mim.

Fui decendo a rua em zig zag, me desviando dos zumbis, enquanto tentava planejar um caminho mais seguro de chegar no ônibus de viagem que ficara parado na avenida.
Os zumbis estão aumentando muito em quantidade, se aproximando cada vez mais, e eu não estou mais perdendo meu tempo batendo neles, pois perdi a esperança de conseguir abatê-los.
Ao final da rua, perto da esquina, vejo um carro semi aberto. Entro dentro dele e tranco as portas, com a intenção de despistar os zumbis e ter mais chance de fugir.

Enquanto estou dentro do carro, tento ligar novamente para casa, mas agora ninguem atende minha ligação. Temo pelo pior.
Coloco o celular no modo silencioso, para não ter perigo de ele tocar enquanto estou escondida e chamar atenção para mim, quando vejo um homem tentando entrar no carro desesperado. Fico assustada, mas percebo que ele parece normal e que os zumbis estão vindo na direção dele. Ele tenta olhar dentro da janela, e eu abro a porta para ele. Se a porta do carro estava aberta antes, provavelmente é porque tinha um dono.

 Ele entra e logo fecha a porta atrás de si. Não dou tempo que ele tente me expulsar do carro, e já vou dizendo que temos que ir até o ônibus de viagem para fugir dessa cidade infernal, quando ele me pergunta se tentei ligar o carro. Digo que não, e ele diz calmamente que está sem gasolina, que ali foi o maximo que ele conseguiu chegar dirigindo e havia saído procurando um posto, como não achou estava voltando para o carro para se refugiar dos zumbis que estavam lá fora.

Eu digo onde está o ônibus, não é longe, é apenas um quarteirão para chegar na Marginal e que podemos alcançar lá se corrermos. Por sua vez, o homem me diz que veio de lá e que está infestado de zumbis, sendo virtualmente impossível ir a pé.
Ele me mostra que a casa ao lado de onde o carro está estacionado tem um muro meio baixo, e que poderíamos subir em cima do carro, subir no muro e ir por cima do telhado das casas, afinal os zumbis não parecem ser escaladores.

Esperamos um momento mais propício, com poucos zumbis por perto. Saímos do carro, subimos no capô e pulamos para cima do muro da casa ao lado. Enquanto executavamos essa manobra, os zumbis começaram a se aproximar e imitar nossos passos, de forma que passaram a nos seguir em cima das casas também.

Ao percebermos que os zumbis nos seguiam, também reparamos que no meio da rua havia um zumbi muito maior que os outros. Ele além de ser mais alto e mais robusto que os outros, parecia que sua pele estava quase estourando por não suportar sua própria essência. Além disso, ele estava em avançado estado de putrefação e brilhava levemente azulado, mas como era de noite sua luminosidade não era tão sutil.

Além de ser um zumbi que se destacava no meio dos outros, ele ficava parado e parecia que, de alguma forma, ele conduzia os outros zumbis. Não tive dúvidas e atirei um pedaço de telha quebrada nele. O golpe não foi dos mais fortes, mas percebi que enquanto seu corpo recuava com o impacto, o corpo dos outros zumbis menores também recuaram da mesma forma.

Foi aí que percebi: eles são zumbis insectas! Seus corpos são coordenados por uma única mente, assim como uma colônia de formigas são coordenadas pela formiga rainha. O segredo seria não apenas alcançar o ônibus, como usá-lo para atropelar e destruir o zumbi-rei.
Enquanto pensava nisso e andava sobre o teto das casas, tomando cuidado para desviar dos cabos elétricos que poderiam nos eletrocutar, vejo que meu companheiro foi agarrado pelos zumbis que nos alcançaram. Já estávamos na metade do quarteirão, e ele grita para que eu vá e me salve, enquanto ele tentará segurar os zumbis o máximo que puder.

Continuo o caminho sem olhar para trás, até que chego no fim quarteirão. Não há tantos zumbis daquele lado, eles aparentemente estão todos reunidos ao redor do carro tentando subir por onde subimos. Pelo visto, eles aprendem apenas pela observação.
Não há forma segura de descer do telhado, eu me seguro nas grades do muro o máximo que consigo e me jogo ao chão. Caio um pouco sem jeito, ralando o joelho e as mãos, mas por sorte sem nenhum dano sério.

Corro o mais rápido que posso, ainda em zig zag, até o ônibus. Ele está vazio, com exceção do corpo do motorista totalmente devorado nas escadas de entrada. Com pressa, puxo o que resta de seu corpo para dentro do ônibus e aperto o botão de fechar a porta. Ela se fecha na cara do primeiro zumbi que chega no ônibus. Por enquanto estou segura.

Procuro nos bolsos daquele cadáver destroçado a chave do ônibus, e a encontro. Sento no banco do motorista, coloco a chave na ignição e torço para que dirigir um ônibus seja parecido com dirigir um carro, pois nunca dirigi algo tão grande antes na vida.
Apesar da dificuldade, o princípio é o mesmo. Fazendo muita força, consigo virar o volante e entrar na rua da qual sai.
O rei-zumbi-insecta ainda está no meio da rua com seu horripilante brilho azul.

Vou pegando velocidade com o ônibus conforme vou avançando, e sem dó nem piedade eu atravesso aquele corpo inchado e brilhante. Ele bate no vidro do ônibus e vai escorregando devagar pra baixo dele, deixando uma marca de um líquido azulado. Vou procurando a ré, enquanto so zumbis começam a rodear o ônibus, tentando proteger seu mestre.

Recuo com o ônibus, e vejo que o rei insecta ainda está pulsando, vivo, no chão. Avanço novamente, agora com cuidado para que ele não apenas seja atacado pelo impacto do ônibus, mas para que seja esmagado por debaixo de suas rodas.
Sinto o estremecimento do veículo, como se tivesse passado em cima de uma lombada. Sinto outra vez, quando passo com a roda traseira. Dou ré novamente, só para garantir que meu trabalho esteja completo, apesar de já perceber que os outros zumbis estão caídos no chão, mortos.
Não sei exatamente quantas vezes atropelei o rei-zumbi-insecta, mas foi o suficiente para que ficasse macerado, até que seu líquido azul gosmento parasse de brilhar há muito.

E então, em nome do herói anônimo que se sacrificou para que eu vivesse, sigo para a cidade, a procura de outros reis-zumbis-insectas para serem esmagados pelo meu ônibus assassino. Fim.

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