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A Ilha

Era um dia de sol, bonito, calor. Eu estava saindo da estacao de metro. Ao fundo, ouvi o som de um aviao, mais alto do que deveria estar. Acho estranho, pois estamos na Ilha e aqui nao eh rota de avioes, e comeco a observar.
Vejo que ele esta voando de maneira irresponsavel, e aponto. Outras pessoas ao meu redor param para olhar, com um misto de admiracao e preocupacao pelo que esta se passando nos ceus.
O aviao comeca a perder altitude, parece que vai cair quando surge um outro aviao, maior que o primeiro, com aspecto militar, e passa a ficar embaixo dele, como que segurando o aviao de cima, impedindo que ele caia.

Comeco a lembrar das noticias de ataque terroristas com avioes por todo o mundo. Estamos num dos maiores cartoes postais do pais - a estacao de metro que serve de ligacao entre o continente e a Ilha - um ponto vital e possivelmente um alvo valioso. Se o aviao for jogado na estacao da praia, alem de afetar o transporte da cidade causando um caos incontrolavel, vai matar muita gente importante, pois aqui nao temos apenas trabalhadores bracais, e sim as maiores mentes do pais.
Talvez a nossa unica chance de sobrevivencia seria correr para a praia. Nao seria possivel salvar a estacao, mas a vida de todos que estao na rua observando sera poupada.
Estando na agua, ela ira amortecer os estilhacos e uma possivel explosao e fogo vindo do metro.

Entao, comeco a gritar pras pessoas irem pra praia e entrar no mar.
Entramos, muita gente mesmo, de roupa e tudo, na agua, ficamos de maos dadas para apoar uns aos outros. Pra todo lado que se olha tem gente, o mar esta calmo e isso encorajou ainda mais as pessoas a entrarem, e tentarem se proteger com esse escudo hidraulico.

Os dois avioes continuam na batalha, o de cima, menor, perdendo altitude, e o de baixo tentando levanta-lo e empurrando-o para o lado. Ficamos na agua assistindo ao espetaculo, quando pecebemos que os dois avioes estao indo em direcao a praia.
Nesse momento ja eh tarde para fugir, e os dois avioes caem no mar. Por alguns segundos parece que saimos ilesos, o barulho eh amortecido pela agua e nada acontece. Todos se entreolham, assustados porem felizes, afinal o aviao maior conseguiu evitar a tragedia da destruicao da comunicacao da Ilha com o continente.
Entao, de repente, vem uma onda muito alta, mas ela nao quebra, e todo mundo consegue boiar, sendo levado para cima. E de cima, podemos ver que ela funcionou mais ou menos como um tsunami, e comeca a invadir as ruas com agua. A onda se formou devido a queda do aviao, afinal a agua teve que se deslocar para algum lugar, e passou a inundar tudo.
Ao mesmo tempo, pedacos do aviao em chamas comecam a cair por todos os lados, acertando as pessoas.
Apos alguns segundos de calmaria, a agua volta para o fundo, puxando numa correnteza muito forte, derrubando e engolindo os desavisados, desde os que estavam na agua, ate as pessoas que se encontravam nas ruas.

Estou aguentando firme, e comeco a perceber o quanto fui ingenua, nao haveria escapatoria. O aviao menor seria arremessado contra a estacao para arrasar o sistema de transporte da Ilha mais importante do mundo, porem possivelmente como um plano B, no caso de ser interceptado por um aviao militar robusto, ele iria aproveitar o peso dos dois para criar uma inundacao e destruir a ilha por completo.
Na tentativa de fugir do aviao, levei as pessoas para o mar, e sem saber, levei-as para o centro do ataque. Da mesma forma que o piloto do aviao maior, pensando em desviar o aviao terrorista da estacao do metro, jogou-os onde nao havia ninguem, sem prever que uma inundacao mataria a todos afogados.
Enquanto isso se passa na minha cabeca, mais uma onda enorme veio de tras, eu perco a mao que me dava apoio. Ainda podia ver as pessoas, mas ja estou distante de qualquer alma viva. O fogo continuava caindo do ceu, as pessoas gritam desesperadas... para mim, esse som esta bem ao longe, os segundos parecem se estender por muito tempo na pequena calmaria entre uma onda e outra.
Quando agua volta novamente, puxando pro fundo a adrenalina torna a correr nas minhas veias, enquanto sou arrastada e engulo muita agua. Ja nao consigo enxergar nada, ha sal e fumaca em meus olhos. Sinto apenas a agua salgada com gosto de areia na boca. Uma nova onda enorme, dessa vez ela quebra bem onde estou, parece que levei uma chicotada e sou carregada pela agua, momento em que perco a consciencia.

Acordo, a ultima coisa que lembro eh do gosto de areia na boca. Nao consego enxergar nada, tem uma luz muito forte em meu rosto, tudo comeca a rodar. Desmaio.
Acordo de novo, percebo que estou num hospital, tento falar e nao consego.
"Sera que estou muito fraca ou sera que me machuquei seriamente? Posso estar em coma ou paralisada. O que sera que houve com as outras pessoas? O que aconteceu com a Ilha e seu projeto altamente confidencial?"

Foi durante esses questionamentos que comecei a perceber a passagem do tempo. Sinto que fiquei muito tempo desacordada. Todas as coisas assustadoras e secretas que sao realizadas na Ilha provavelmente foram destruidas, ou pior, descobertas. O trabalho da vida de tanta gente, inclusive a minha, jogado fora naquela fatidica tarde. Suponho que nao vale a pena viver num mundo onde o trabalho da Ilha foi destruido... e, ainda mais assustador, concluo que um mundo onde os segredos da Ilha foram descobertos nao tem lugar para pessoas como eu. Escolho perder a consciencia novamente, e dessa vez para sempre. Fim.

2 comentários:

Projeto Lucas 2013 disse...

Sério, eu fico abismado com a criatividade q vc tem nos sonhos.

Mesmo sabendo que vc dá uma re-pintada no sonho, eles tem uma originalidade e variação incrivel.

Mas meio que imaginei a sensação da marola gigante e deve ser mó legal

Marcinha disse...

A marola gigante foi bem legal, mas o gosto de areia na boca logo depois foi mto mto ruim! acordei com esse gosto horrivel..

fico feliz q vc gostou :D eu "si divirto" uhahuahuuah

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