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Serial Killer

Esse sonho já faz um mês, talvez mais. É bem comprido e eu estava com preguiça de digitar. Acordei bastante assustada. Nesse sonho sou expectadora, com exceção da cena final.

Era uma vez uma criança. Ela andava na rua despreocupada, brincando, pulando. Passava em frente a uma praça, era uma tarde de verão muito agradável.
Então, ela vê uma pessoa dentro de um bueiro enorme. O bueiro era muito antigo, não era mais usado para escoar esgoto, estava seco.

Ela viu esse homem dentro do bueiro e ficou intrigada. Resolveu entrar atrás dele e ver o que tinha lá.
Entrou e se deparou com uma galeria subterrânea, no centro da galeria havia um corpo de mulher. O homem cortava os dedos dessa mulher na área onde havia a unha pra cima e guardava esses pedaços no bolso.
A menina ficou assustadas, mas não gritou. Continuou observado. Ele não sabia que ela estava ali.

Quando ele terminou de cortar, se afastou do corpo e olhou de longe para contemplar. Foi aí que a menina viu que aquela mulher morta era sua mãe. E foi aí que ele viu a menina.

Ela ameaçou correr, mas ele a alcançou. Ela achou que seria a próxima vítima, mas não, ele tirou do bolso os dedos/unhas da mãe dela e mostrou pra ela, ela conseguiu se desvencilhar e saiu correndo para fora do bueiro, enquanto ainda podia ouvi-lo rindo de maneira grotesca.

Quando voltou a praça, estava tudo tranquilo e calmo como era antes. Mas algo havia sido roubado: sua inocência. A despreocupação de criança de que nada de ruim pode acontecer.

Quando chegou em casa, ainda tentando acreditar que aquilo que vira fora um sonho, entrou direto na realidade. Sua vó estava nervosa, havia muitos parentes ali. Ninguém explicava para ela o que estava acontecendo, mas ela não conseguia brincar e ignorar tudo aquilo.
Conseguiu entender que sua mãe havia sumido. E só ela sabia o que tinha acontecido.
O corpo nunca foi encontrado, a história que ela contou foi ignorada, como imaginação infatil. Mas ela sempre soube, e nunca ia esquecer o rosto daquele homem.

Ao longo de sua vida, muitas vezes acordava banhada de suor após ter um pesadelo com aquele homem. Via seu rosto no lugar do corpo de sua mãe.
Durante a adolescência, ela sempre lia os jornais, procurando crimes parecidos: Corpos com as pontas dos dedos mutilados.
E encontrava!

Cada uma dessas vítimas tinha como nome ou sobrenome alguma semelhança com seu próprio nome, e ela sabia que isso era um recado.
Que ele sabia quem ela era, sua única testemunha, e que um dia ele ia voltar para pega-la.

Um dia, ao assistir televisão, viu aquele rosto numa chamada de nova novela. Ficou ali o dia inteiro, esperando rever a chamada da novela e ter certeza de quem ela vira.
E mais uma vez ele estava lá! Sorrindo. Era o novo galã da novela das 8.
Não era possível que o jogo tenha virado dessa forma, agora ela sabia quem ele era e onde poderia encontrá-lo.

Quando chegou a maioridade, a avó que a criara faleceu. Ela se aproveitou dessa situação para sumir no mundo, não tinha mais parentes, nem ninguém. Seu nome era comum e cheio de homônimos.
Nunca mais assinou nada em seu nome, nunca mais deu seu endereço para ninguém. Assinou uma caixa postal para receber correspondências, não tinha telefone, morava numa pensão onde não lhe exigiram nenhum tipo de documento.
Pagava em dinheiro, não tinha conta em banco. Era a única pessoa de se sentir segura: ser totalmente irrastreável.

Agora ela sabia quem ele era, e ele a perdera no mundo.
Depois de todos aqueles anos sendo assombrada por aquele homem, ela jurou vingança, e iria assombrá-lo de volta.

Passou a frequentar as festas da emissora de TV que ele trabalhava. Conseguiu emprego temporário para servir nos buffets, e passou a espiona-lo.
Tinha certeza que era ele, e tinha que faze-lo se mostrar na frente de todas aquelas pessoas.

Passou a escrever bilhetes anônimos, dizendo que sabia quem ele era e o que ele tinha feito. Numa entrega de prêmios da televisão onde ele foi premiado, fez questão de aparecer na primira fileira com um vestido vermelho sangue. Ele a viu, mas não podia fazer nada... tinha que dar seu discurso.
Quando terminou o discurso, teve que tirar fotos, cumprimentar, puxar o saco. Quando se voltou para onde ela estava, já havia sumido.

E foi assim por um bom tempo, sua única diversão era assombrá-lo.
Fez muitas amizades no meio artístico, amizades verdadeiras. Entre eles, arrumou até um namorado. Para esses amigos, ela contou a verdade e eles acreditaram nela, prometeram ajudar a desmascarar aquela farsa.
Lembraram do caso do Guilherme de Padua, que matou a atriz Daniela Perez, e juraram que não deixariam isso acontecer novamente.

Num dia, ela recebe uma carta, sem destinatário. Nessa carta tinha um convite para uma festa muito exclusiva de celebridas, e junto uma unha.
Ela entendeu na hora de quem era, chamou seus amigos e todos resolveram ir a festa juntos para pegar aquele safado.

Passou uma boa parte da festa, e ele não tinha chegado. No salão principal havia um chafariz enorme, lindo, e descendo as escadas atrás do chafariz era a entrada para o banheiro.
Quando ela foi ao banheiro, chegando ali atrás do chafariz, havia um corpo de uma atriz muito famosa, muito bonita. Estava boiando na água e os sinais estavam ali: faltavam a ponta dos dedos, bem onde estavam as unhas.

Ela saiu correndo para o salão, e lá não tinha mais ninguém! Ele deu um jeito de esvaziar a festa!
Ele estava na rua e o que separava o salão da rua era uma grande porta de vidro.

Então, ela foi até a porta correndo, sabendo que tinha alguma armadilha lá dentro para extermina-la. Quando ela chega na porta, que estava aberta, ele estava com uma tesoura na mão e foi entrando salão a dentro, tesoura em punho pronto para "esfaquea-la" com a tesoura.

O que ele não esperava é que ela fechou a porta com tudo na cara dele, e ele ficou meio nocauteado.
Quando tentou entrar novamente, ela deixou entrar um pouco da cabeça, e fechou a porta novamente, bem no pescoço, e ficou abrindo e fechando, várias vezes, com a força enorme que só a raiva acumulada por tanto tempo poderia ter.

Ele foi decapitado. Dentro de seus bolsos, havia os pedaços dos dedos da atriz morta no chafariz, o suficiente para ser identificado como o assassino.
E as fitas de segurança provariam a legítima defesa.
Quem ri por último, ri melhor. Fim.

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